O Patriarcado e os efeitos de sentido nos vocábulos “cachorra”, “piranha” e “burra”

Abstract

Este artigo tem por objetivo principal expor como o patriarcado exerce a manutenção de seu poder por meio da utilização de vocábulos zoomórficos, utilizados pejorativamente na linguagem, para promover a depreciação, desmoralização e assim descredibilizar o feminino. Para tanto, na presente pesquisa, utilizamos, como aporte teórico que expressam acerca da temática supracitada, Mikhail Bakhtin (2004;2006), Simone de Beauvoir (2019); Gerda Lerner (2019); Monique Wittig (2022); Margareth Rago (2020) e Ludwig Wittgenstein (1979). Nosso intento é mobilizar e discursivizar sobre o patriarcado e sobre os efeitos de sentido nos vocábulos “cachorra”, “piranha” e “burra”. No Brasil, os termos “cachorra” e “piranha” são utilizados para desqualificar exclusivamente a sexualidade feminina, fixando-a como uma conduta inaceitável. Por outro lado, o vocábulo “burra” é utilizado para colocar à prova a capacidade intelectual das mulheres, perpetuando a ideia de que são intelectualmente incapazes e incompetentes. Assim, adotamos uma abordagem documental com caráter bibliográfico. A coleta de dados foi realizada por meio da seleção de dois dicionários online de Língua Portuguesa, construindo a base para a análise proposta. Posteriormente, verificamos que a utilização dos termos elencados invalida e silencia as vozes dissidentes, propiciando que o patriarcado exerça sua manutenção e perpetue a opressão e o seu poder por meio da linguagem. Portanto, refletir criticamente acerca da disseminação desses vocábulos auxiliará na desconstrução desses estereótipos, promovendo uma sociedade mais equânime.