Análise das dinâmicas de produção e abate como subsídios para a rastreabilidade e sustentabilidade da cadeia da carne bovina no Estado do Tocantins

Abstract

Os mercados importadores de carne bovina têm aumentado exigências para haver maior transparência e conformidade na cadeia de carne bovina, incluindo processos e condições em diferentes segmentos da cadeia. Assim, no presente trabalho oportunizou-se o debate nos processos da cadeia de carne bovina em região tropical do Brasil, especificamente, nas relações entre fornecimento e compras de cabeças bovinas, status de conformidade socioambiental e desmatamento. Foram utilizados dados públicos relacionados com o Guia de Transporte Animal (GTA) e Cadastro Ambiental Rural (CAR) provenientes da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (ADAPEC) e Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), além de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foi possível escalonar os municípios quanto ao fornecimento de cabeças, conformidade socioambiental e desmatamento. Os frigoríficos SIF no Tocantins (TO) foram escalonados quanto aos abates, periodicidade de compra e distâncias percorridas (km) para aquisição das cabeças ao nível municipal entre agosto de 2020 a julho de 2023. Observou-se que o fluxo de fornecimento e compra teve um padrão predominantemente regional. Na maioria dos casos, a quantidade de cabeças adquiridas teve relação inversa e significativa (P<0,05) com as distâncias percorridas (km). O número de cabeças fornecidas aos frigoríficos SIF em TO foi aleatório com relação a área dos municípios (ArM), o número de áreas desmatadas (AD), extensão das áreas desmatadas (ET) e o número e status de CAR nos municípios (P>0,05). A relação entre ArM, AD e ET foi direta (P<0,001), mas não nas áreas de bioma Amazônia (P>0,05). Com limitações para alguns aspectos como nível de detalhe do CAR, inexistência da localização das fazendas fornecedoras, efeito acumulado das diferentes cadeias que impactam na cobertura vegetal, o estudo subsidia o debate científico atrelado a temas como rastreabilidade, controle sanitário, saúde pública, monitoramento socioambiental, comércio internacional, responsabilidade legal, entre outros. Ainda, estimula avanços em prol da coleta e maior acessibilidade a dados sensíveis, muitas delas protegidas pela lei LGPD, bem como a maior transparência e sustentabilidade da cadeia pecuária.