Retenção do recreio escolar e outras estratégias de castigo escolar: uma educação não punitivista é possível?

Abstract

Que o recreio faz parte do cotidiano do aluno, é sabido há bastante tempo por toda e qualquer pessoa, ainda que ela não tenha desfrutado desse doce momento. Para além dos aspectos de contribuição ao desenvolvimento e a saúde, o recreio também tem uma dimensão de recreação, lazer e divertimento, o que contrasta com cotidiano escolar que, em geral, têm um caráter mais sério e disciplinar, negligenciando e/ou restringindo os espaços e tempos para o livre brincar.. Considerando que a aplicação do castigo escolar, que inclui a retenção do recreio escolar, ainda é uma realidade na sociedade brasileira, apesar das divergentes opiniões, o problema que moveu esta pesquisa foi: como que a retenção do recreio escolar e outras formas de castigo escolar tem sido abordada e comunicada em jornais digitais? Trata-se de pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, que se insere no campo da Pesquisa em Educação, valendo-se tanto da abordagem quantitativa quanto qualitativa. Foi desenvolvida tendo como material de análise matérias de jornais sobre castigo escolar disponíveis na internet.A organização dos dados nos conduziu a dois grandes agrupamentos, evidenciando que tais matérias se apresentam como notícias de casos, geralmente pontuais, ou matérias reflexivas, que problematizam a questão da aplicação e uso dos castigos escolares. A análise dessas matérias selecionadas nos possibilitou perceber que a grande maioria dos casos nelas relatados são acontecimentos negativos, envolvendo situações de violência contra as crianças. As matérias reflexivas, por sua vez, são majoritariamente argumentos e dados contra a aplicação de castigos nas escolas. Tal dados nos permite perceber que no campo teórico, parece haver um consenso de que os castigos e punições são maléficos para o desenvolvimento das crianças, no entanto, na prática escolar eles ainda acontecem. Diante dos aspectos analisados ao longo desta pesquisa, pode-se perceber que o castigo escolar em si é uma temática recente e ainda pouco explorada e quando se trata das práticas de retenção/suspensão do lazer e prazer como práticas de castigo escolar a questão está ainda menos posta para ser debatida.