Saúde bucal como indicador de desigualdades sociais em comunidades quilombolas no Norte do Tocantins: um estudo baseado na população infantil
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Data
2024
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Universidade Federal do Norte do Tocantins
Resumo
A compreensão do processo saúde-doença persiste como um desafio, principalmente pelas desigualdades sociais sedimentadas em nossa sociedade. Considerando as desigualdades étnico-sociais, destacam-se as comunidades tradicionais denominadas quilombolas. Ao longo da história, essas comunidades heterogêneas foram formadas por diferentes processos de resistência à escravidão e relacionadas à inexistência de políticas de integração social, além de precária assistência à saúde. Dentre as desigualdades observadas nas populações quilombolas, os elevados índices de morbidade infantil continuam impactando diretamente a saúde das crianças. As doenças bucais estão entre as mais prevalentes em todo o mundo, representando uma influência nos processos de desenvolvimento, crescimento e aprendizagem da população infantil, com repercussões na vida adulta. O objetivo desta pesquisa foi descrever a distribuição de fatores associados à condição de saúde bucal de crianças na faixa etária de 5 e 12 anos de duas comunidades quilombolas localizadas no norte do Tocantins, de modo a problematizar e discutir como as desigualdades sociais afetam, ou não, o risco de desenvolvimento de problemas bucais. O estudo consistiu em uma pesquisa de campo dividida em uma etapa descritiva observacional e uma etapa observacional analítica, utilizando as premissas da “Teoria das Condições Sociais como Causa Fundamental de Doenças” e métodos validados para a coleta de parâmetros sociodemográficos e clínico-odontológicos CPO D (Dentes Cariados, Perdidos e Obturados) e ceo-d (cariado, extração indicada e obturado). Tratam-se de comunidades com baixa densidade populacional, o que implicou em um recrutamento de 38 crianças e seus respectivos responsáveis. Os resultados finais obtidos a partir da análise dos índices CPO-D e ceo-d indicaram que das 16 crianças da comunidade de Cocalinho apresentaram um elevado índice de cáries, esse cenário foi mais proeminente entre as crianças de 5 anos, que apresentaram um índice de 6,8, classificado como muito alto. Por outro lado, na comunidade Dona Juscelina, os índices de cáries foram mais baixos. Ressalta-se que a renda mais elevada dos participantes foi associada a índices de cárie mais baixos, sugerindo que a autonomia financeira possivelmente está relacionada a uma melhor qualidade de vida e saúde bucal. De fato, a relação entre renda e cárie dentária reforça a importância de identificar e considerar como "causas fundamentais" as condições em que as crianças vivem, sendo afetadas pelas desigualdades sociais do seu ambiente, visto que muitas dessas crianças não são cuidadas pelos pais, estão inseridos em uma outra configuração familiar são cuidados por avós, tios, madrinhas. Os índices bucais observados em Cocalinho estão acima da média para a região Norte e Brasil, o que sinaliza uma possível polarização dos problemas bucais e uma investigação mais ampla dos problemas bucais nessas comunidades.
Descrição
Palavras-chave
Saúde bucal, Quilombos, Desigualdade social, População infantil
Citação
GOIS, João Nivaldo Pereira. Saúde bucal como indicador de desigualdades sociais em comunidades quilombolas no Norte do Tocantins: um estudo baseado na população infantil.2024.147f. Dissertação (Mestrado Profissional em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais) Universidade Federal do Norte do Tocantins, Araguaína, 2024.