Dispositivo de racialidade e interseccionalidade: as múltiplas formas de vulnerabilidade nas trajetórias de mulheres/discentes negras no IFTO.

Abstract

A interseccionalidade reconhece que as identidades sociais são múltiplas e entrelaçadas, e que as pessoas podem enfrentar diferentes formas de opressão e discriminação devido à interação dessas identidades. Por isso, a interseccionalidade nos permite compreender como a vulnerabilidade social é moldada pela interação complexa de fatores como gênero, raça, classe social, orientação sexual, idade e outros marcadores sociais da diferença. Diante desse cenário, nos filiamos teoricamente no que tange às vulnerabilidades interseccionais a teoria social crítica de Patrícia Hill Collins (2022) e a Análise de discurso de Pêcheux e Orlandi. Adotamos um método de pesquisa dialético para analisar como a interseccionalidade de raça, gênero e classe produz efeitos discursivos nas discentes negras do curso de enfermagem ao relatarem suas trajetórias de formação. O objetivo da pesquisa é analisar como a interseccionalidade de raça, gênero e classe produz efeitos discursivos nas discentes negras do curso de enfermagem ao enunciar sobre sua trajetória de formação. As participantes do estudo foram alunas negras do curso técnico de enfermagem do IFTO – campus Araguaína, das quais 6 foram selecionadas aleatoriamente para entrevistas. Após a realização das entrevistas semiestruturadas, o corpus foi constituído, e 4 recortes discursivos foram identificados, sendo as sequências discursivas analisadas com base em dispositivos analíticos específicos .Foram utilizados os dispositivos analíticos da Análise do Discurso (AD), Posição do Sujeito, Formação Ideológica, Formação Discursiva e Memória Discursiva/Interdiscurso. Os resultados da pesquisa evidenciam que as estudantes enfrentam obstáculos significativos decorrentes do racismo e da discriminação de gênero. Além das barreiras estruturais e institucionais, foi possível identificar tanto, manifestações de racismo explícito, caracterizadas por atitudes abertamente preconceituosas e excludentes, quanto formas mais sutis de discriminação, conhecidas como racismo cordial.