A política indigenista na imprensa goiana

Abstract

No presente trabalho apresentamos os resultados da investigação sobre o projeto de inserção social compulsória dos indígenas, conforme previa a política indigenista brasileira desde o Período Colonial, Imperial e Republicano. Para realizar a pesquisa, tomamos como fonte de análise o jornal Goyaz: órgão democrata, que circulou, regionalmente, entre os anos de 1885 até 1910, e às bibliografias que tratam dos indígenas no Brasil e em Goiás. Ao analisar o lugar da fala dos sujeitos no jornal, tomamos como base a afirmação de Pierre Bourdieu (2005, p. 24-25), segundo o qual a linguagem é reveladora da posição do enunciado na "hierarquia social”, incluindo nesta aspectos históricos de caráter econômico e simbólico. Essa afirmação é interessante porque o jornal pesquisado é de propriedade da família Bulhões, que pertenciam, tradicionalmente, à elite política goiana. Por meio da análise dos artigos do jornal Goyaz: órgão democrata, notamos que a proposta para a inserção compulsória dos indígenas envolvia realizar a catequese e utilizá-los como mão de obra, a fim de fazer uma “civilização” (modificação) dos costumes dos povos originários, tendo em vista seguir os padrões da sociedade branca e europeia. Os missionários estrangeiros foram, por muito tempo, os responsáveis pela política indigenista no Brasil e isso trouxe impactos negativos, pois contribuiu para que se efetivasse, além da violência física, provocada pelos invasores, uma violência simbólica pela imposição de novos costumes e visões de mundo da sociedade capitalista.