TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE - TDAH: uma análise autobiográfica sobre os impactos da medicalização infantil na vida da filha de uma pedagoga em formação

Abstract

Este trabalho aborda de forma crítica o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, desde uma perspectiva da medicalização da educação e da infância, a partir de uma pesquisa autobiográfica sobre o tema. O TDAH é considerado um transtorno de causa genética, caracterizado por comportamento de distração, agitação, hiperatividade, impulsividade e esquecimento. O principal objetivo da pesquisa é analisar a história vivenciada por mim, pedagoga em formação e mãe de uma criança diagnosticada com TDAH, aos 5 anos de idade, a fim de compreender o processo de medicalização que Eloá viveu e os seus impactos em nossas vidas. Como metodologia utilizamos a pesquisa autobiográfica, buscando compreender a medicalização da educação e da infância através das nossas vivências. Adotamos os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica, com o intuito de se obter formação teórica sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e sobre medicalização da educação e da infância, além de narrativas (auto)biográficas, que sistematizam nossas vivências de uma família diagnosticada com TDAH e os desdobramentos disso no meu processo formativo. A sistematização da minha experiência, enquanto mãe de Eloá, do seu nascimento ao diagnóstico e o impacto que o mesmo teve na vida da minha filha, foi o ponto de partida para analisar esse caso de medicalização da educação e da infância, a luz da literatura sobre a temática. Compreendemos o TDAH enquanto um diagnóstico controverso, que pode servir para esconder problemas sociais e do sistema educacional, como resultado da medicalização da educação. Apontamos as contribuições que essa pesquisa, o meu processo formativo, os estágios e os debates críticos que tive sobre o TDAH e a medicalização, contribuíram para minha formação enquanto mãe e professora. Por fim, entendemos que esta pesquisa contribui para a auto(avaliação) dos profissionais da educação acerca dos enfrentamentos do processo ensino/aprendizagem, lhes permitindo repensar sua prática, a fim de não contribuir para o aumento dos números de diagnósticos de transtornos e desconstruir essa formação social vigente.