Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura e Território - PPGCult
URI permanente para esta coleçãohttps://solaris.ufnt.edu.br/handle/123456789/84
O Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCult), oferecido no Centro de Ciências Integradas de Araguaína (UFNT), é um curso presencial de pós-graduação stricto sensu reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.
Está inserido na Área Interdisciplinar procurando construir um diálogo com diversas áreas do conhecimento, e tem como objetivo produzir investigações de caráter interdisciplinar sobre a relação entre cultura e território.
A proposta do mestrado é construir objetos de investigação interdisciplinares em torno da relação cultura e território, bem como reconhecer os pressupostos éticos e políticos da pesquisa científica e do saber produzidos no âmbito da Universidade. Também devem estar aptos ao diálogo entre disciplinas, saberes e sujeitos de diversas procedências sociais, bem como ser capazes de desenvolver projetos interdisciplinares de relevância social que impulsionem a mudança social com vistas a participações mais igualitárias do poder.
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8 resultados
Resultados da Pesquisa
Item Dona França e a Ilha de São José: diálogo entre conhecimento acadêmico e ribeirinho(2024) FERREIRA DOS SANTOS, JosielO conhecimento sobre algumas localidades e seus povos, pode fazer mais sentido quando sujeitos daquele local são envolvidos. Por isso, o presente trabalho é uma forma de dar ênfase a um grupo de pessoas, mais necessariamente, a ribeirinhos da Comunidade Ilha de São José, em que Dona França é a protagonista desta pesquisa, pois se trata de alguém com relevância na história que foi conhecida em alguns casos, por apenas uma versão. Destacamos assim, que as usinas hidrelétricas são vistas como progresso para a sociedade, mas para alguns grupos são vistas apenas como oportunidade de lucro para pessoas que não pensam na natureza e no bem-estar de muitos. Com isso, o problema desta pesquisa surgiu a partir de questionamentos oriundos da perspectiva ribeirinha: como falar de uma comunidade que teve seu espaço-território destruído? De que forma iríamos relatar as experiências de uma comunidade que estava às margens da história oficial, inclusive da história da UHE de Estreito, e corria perigo de esquecimento? Assim, o objetivo é dar visibilidade aos sujeitos impactados pelo empreendimento. Desse modo, recorremos à pesquisa qualitativa, em que nos utilizamos da roda de conversa para a realização também das entrevistas com os denominados Mais Velhos, que eram habitantes da Comunidade Ilha de São José, mas voltados sobretudo para a história de Dona França. Autores como Djamila Ribeiro (2021), Paul Thompson (1992), Lysias Rodrigues (1945; 2001) e Kátia Flores (2009), dentre outros pesquisadores, deram embasamento ao trabalho. Tendo em vista que a história foi contada a partir das memórias dos moradores da antiga comunidade, o resultado da pesquisa é concernente à preservação destas histórias na sociedade.Item Agroecologia quilombola: saber e olhar das mulheres e dos homens da comunidade quilombola ilha de São Vicente Araguatins –TO(Universidade Federal do Norte do Tocantins, 2023) ROCHA, Jorlando FerreiraO presente trabalho tem como objetivo compreender a função da agroecologia como uma ferramenta na luta pelo território do quilombo da Ilha de São Vicente, destacando sua integração nas práticas produtivas e na rotina diária da comunidade, sendo assim, um elemento de resistência e sobrevivência das famílias quilombolas. Além disso, busca-se analisar as práticas agroecológicas e a divisão de tarefas entre homens e mulheres e como estas fortalecem a valorização do comum dentro do território. Para viabilizar esta compreensão, fomos até a comunidade realizar visitas às famílias, aplicar questionários, registrar imagens de homens e mulheres em seus trabalhos diários. Os resultados aqui apresentados através das falas e imagens mostram o quanto homens e mulheres estão envolvidos em diversas atividades, as atividades agroecológicas são realizadas, tanto por mulheres, quanto por homens, as atividades domésticas como lavar roupas, preparar alimentação são realizadas mais pelas mulheres e as atividades que demandam maior força física ou certas habilidades como tirar palha da palmeira babaçu, carregar madeiras, cobrir casa são realizadas pelos homens do território.Item Universitários/as de camadas populares: processos de afiliação cultural(2024) SANTOS, Gabriel Queiroz dosEste estudo investigou como acadêmicos/as constroem etnométodos, através de suas rotinas e atividades acadêmicas, essenciais para sua afiliação às regras e lógicas da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). A partir de alguns princípios da etnometodologia, uma abordagem qualitativa proposta por Alain Coulon, analisamos as experiências de três estudantes homens e três mulheres, de camadas populares, do 3º ao 8º período de cursos distintos. Os resultados revelaram que o acesso à universidade foi uma jornada individual marcada por persistência e resistência, e que a afiliação cultural tem sido um processo complexo e conflituoso. A análise destacou como os/as estudantes construíram seus etnométodos para assimilar informações diárias e como as ações cotidianas, ao contrário de reforçarem a meritocracia, abriram espaço para discussões sobre responsabilidade social e pedagógica. Essa pesquisa pode fornecer alguns caminhos para a UFNT elaborar políticas públicas de suporte aos/às estudantes ao longo de seus cursos.Item Documentário Tocantins rio afogado: paisagens e relatos numa produção fílmica(2023) SILVA, Diogo Pereira daEste trabalho procura discutir as representações narrativas do filme Tocantins Rio Afogado, produzido em 2005 pelos cineastas Hélio Brito e João Luís Neiva Brito. Procuraremos analisar as imagens presentes no filme a partir da categoria de representação e paisagem do autor Stuart Hall, Denis Cosgrove e Giuliana Andreotti. No intuito de problematizar a mobilização de sentidos nesta narrativa cinematográfica fílmica, consideramos que o cinema documentário é linguagem artística. O diálogo para compreensão e ou aproximação da cognição de documentário, discutiremos através dos compilados teóricos em Bill Nicholls (2005). As representações dos sujeitos, estilos de vida, paisagens e as problematizações sobre os sentidos presentes nas imagens, utilizaremos da perspectiva de Stuart Hall (2002, 2006) a partir da semiologia com o conceito de representação, além da construção de paisagem no entendimento político de Cosgrove (1984, 2008, 2012) e paisagens culturais em Andreotti (2010, 2012, 2016). A perspectiva metodológica, para a análise da narrativa fílmica audiovisual do Documentário Tocantins Rio Afogado é norteada pela visão da semiologia discutida por Hall e tem a articulação do método de contraste proposto em Diana Rose (2007), onde ela propõe a realização da seleção, transcrição e análise de cenas que resultem em interpretações diversas por meio de representações de sentidos. Neste propósito buscaremos entender quais as representações presentes nas narrativas dos ribeirinhos bem como nas cenas selecionadas da produção fílmica Tocantins Rio Afogado.Item Dasĩpê uma das festas tradicionais do povo Akwẽ-Xerente(2023) XERENTE, Aparecida Pereira da SilvaEste trabalho tem o objetivo principal de registrar a forma tradicional de realizar a festa Dasĩpê, passando para as novas gerações a importância de resgatar e preservar nosso modo tradicional de viver. A palavra Dasipê significa a festa tradicional, do povo Akwẽ-Xerente. Nesta perspectiva é que foi realizado este trabalho de mestrado junto ao meu povo, indígenas Xerente, autodenominados povo Akwẽ-Xerente. Somos uma das oito etnias que vivem no Estado do Tocantins e habitamos a região central deste, na margem direita do rio Tocantins, no município de Tocantínia, a 75 km de Palmas do estado do Tocantins. A pesquisa é qualitativa, de natureza interdisciplinar sobre cultura e território, vários autores embasaram este estudo especialmente autores e autoras indígenas, recorrendo a história oral por meio de entrevistas com anciãos e da observação participante. As ferramentas foram entrevistas realizadas com roteiros semiestruturados e gravadas, para registro e reflexão sobre o processo de realização de Dasĩpê. Esta atividade tradicional do povo Akwẽ-Xerente, a Festa do Dasĩpê na maioria das vezes acontece no mês de julho de cada ano e, uma vez ou outra pode ser realizada no mês de abril, com duração em média de 15 dias. A pesquisa foi realizada na aldeia Salto-Kripre em 2021 e na aldeia Morrão-Wdêkrẽkwasahu em 2022, onde os responsáveis pela festa cultural são os líderes das aldeias anciões e caciques. No decorrer da festa Dasĩpê várias atividades são desenvolvidas, dentre elas: ritual de nomeação masculino e feminino; corrida de Toras Pequena e Grande; pinturas corporais com ornamentações e adereços, danças culturais e cantorias e, para finalizar a festa, são preparadas e servidas comidas típicas. Por meio destes estudos podemos reforçar a importância da transmissão dos saberes que foram registrados de forma oral, em diálogos com os anciãos, anciãs e algumas lideranças e colaborar para manter as nossas tradições cerimoniais, a nossa cultura e nossas raízes para as gerações futuras.Item Os Quilombos da Romaria: linha do tempo, protagonistas e instituições(Universidade Federal do Norte do Tocantins, 2022) BORGES, Manoel FilhoEsta pesquisa tem por objetivo apresentar as comunidades quilombolas formadas através de romarias em Muricilândia, retratando a linha do tempo, apresentando os protagonistas das formações, bem como descrevendo as instituições criadas por elas. Essas comunidades são a Comunidade Quilombola Dona Juscelina e a Comunidade Quilombola Dona Domicília, inseridas na sede de Muricilândia (TO) e no Povoado de Cocalândia, distrito daquele município. A metodologia utilizada compõe-se de pesquisas documental, bibliográfica e de entrevista etnográfica. A partir das fontes construímos a linha do tempo das comunidades e narramos a trajetória das lideranças iniciais e atuais das duas comunidades, com o foco no Conselho Griô da Comunidade Quilombola Dona Juscelina.Item Lutas e resistências de mulheres quebradeiras de coco babaçu: um olhar a partir das práticas dos comuns no território dos babaçuais do povoado Piaçava município de Nazaré/TO(Universidade Federal do Norte do Tocantins, 2024) SILVA, Lavina Pereira daEsta pesquisa, está vinculada à linha de pesquisa Paisagens, Narrativas e Linguagens do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Estudos de Cultura e Território (PPGCult) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) e tem como objetivo geral, compreender as produções de saberes das mulheres quebradeiras de coco babaçu do povoado Piaçava município de Nazaré/TO, nas décadas de 1960 a 1990, a partir das suas memórias e narrativas buscamos compreender as produções de saberes das mulheres quebradeiras de coco babaçu do povoado Piaçava, município de Nazaré/TO, por ocasião da realização de práticas dos comuns ou adjunto. entender como essas mulheres quebradeiras de coco desenvolveram seus modos de vida durante as décadas em que tiveram acesso livre ao território dos babaçuais e como ocorrem as mudanças geradas pelas ações de fazendeiros. A metodologia utilizada tem como base a História oral, a partir da qual realizamos entrevistas semiestruturadas com oito mulheres quebradeiras de coco na faixa etária de 60 a 87 anos. O critério estabelecido consiste no fato de que essas mulheres vivem no território e experienciaram (ou ainda experienciam) as diversas fases e modos de cultuar o extrativismo do coco babaçu. Para analisar as narrativas e as memórias das interlocutoras, recorri a aportes teóricos de autores e autoras que discutem território, modos de vida e resistência: Rogerio Haesbaert (2006a, 2006b); Pollak (1992, 1989); Olivia Medeiros Cormineiro (2010), e Juscelino Laurindo (2021). As análises das entrevistas permitiram-me compreender como se deu a prática dos comuns com as mulheres quebradeiras de coco babaçu no território dos babaçuais, e qual a relevância do extrativismo desse fruto à comunidade do povoado Piaçava no que se refere às questões socioculturais, políticas e econômicas.Item Os cuidadores do comum: a institucionalização do conselho de griô na comunidade quilombola dona Juscelina(Universidade Federal do Norte do Tocantins, 2023) SANTOS, Kamila Ferreira dosNeste trabalho, a partir do diálogo entre pensamento acadêmico e quilombola, procuramos entender como o Conselho Griô se constitui dentro da comunidade a partir da formalização, através do Conselho, da lógica cultural de respeito aos mais velhos, reconhecidos como os detentores da experiência e dos saberes e, assim, do poder. Essa instituição, organizada a partir do comum como princípio político, é formalizada no momento em que a comunidade busca reconhecimento por parte do Estado como comunidade quilombola e, para isso, cria a associação. A metodologia utilizada é o cruzamento de história oral e pesquisa documental. Usaremos as narrativas orais dos griôs bem como documentos escritos do Conselho e da Associação. A pesquisa mostrou que o Conselho funciona dentro da comunidade como cuidador do comum, sendo responsável pela mobilização constante da comunidade em torno da valorização de seu passado, de sua cultura e da formação das futuras gerações através dos jovens griôs. No centro desse processo está o comum como princípio político, mas que é nomeado através do pensamento quilombola como galho, um termo local para mobilização da ancestralidade enquanto conexão entre passado, presente e futuro.